Espinheira-santa: saiba para que serve

Espinheira-santa - Maytenus spp.

Conheça os benefícios, efeitos colaterais, indicações e propriedades antibacterianas, digestivas e medicinais do chá de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia).

ATUALIZADO EM Atualizado em 16/10/2022

A espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) é uma planta medicinal bastante utilizada no Brasil, cujo nome advém da aparência de suas folhas e por ser considerado um “santo remédio”. A espinheira-santa também é conhecida popularmente como salvavidas, coro-milho-do-campo, espinho-de-Deus, maiteno, sombra-de-touro, congorça e cancerosa. Inclui as espécies Maytenus aquifolia Mart., Maytenus ilicifolia Mart., Maytenus oxyodonta Reiss. e Maytenus briquetii Loes. Todas as espécies fazem parte da família Celastraceae e são nativas da América do Sul.

Para que serve a espinheira-santa?

As partes utilizadas da planta são as folhas, que podem ser administradas em forma de chá, cápsulas com extrato fluido, extrato seco e tinturas.  Os taninos têm poder cicatrizante de lesões ulcerosas no estômago por controlar a produção de ácido clorídrico neste; poder antisséptico por paralisar as fermentações gastrintestinais, inclusive os efeitos da Helicobacter pylori, causadora de úlcera gástrica; e analgésico por aliviar as dores ao corrigir as funções estomacais e ao facilitar a eliminação de gases.

A espinheira-santa mostra-se ainda mais poderosa ao ser capaz de inibir alguns tipos de cânceres, como o câncer de pele e o câncer gástrico ao combater a bactéria Helicobacter pylori, também causadora deste mal. Seus componentes principais são terpenos, triterpenos, taninos, flavonoides, mucilagens, antocianinas, açúcares livres e traços de sais minerais. Seu efeito laxativo deve-se à mucilagem presente na planta; já o diurético, aos triterpenos.

Chá de espinheira-santa

Chá de Espinheira Santa - Maytenus ilicifolia - Medicina Natural

Chá de Espinheira Santa – Maytenus ilicifolia – Medicina Natural

O chá de espinheira-santa sempre foi muito popular na medicina alternativa, vez que sempre foi utilizado amplamente por tribos indígenas da América do Sul, sendo considerado popularmente como um “santo remédio”. Além do uso interno, pode-se fazer uso tópico do chá ou de unguentos da planta, de forma minimizar dores de ferimentos e facilitar a cicatrização. O chá de espinheira santa é rico em fito complexos, como flavonoides, taninos e triterpenos, que agem inibindo os mediadores H2 da histamina nas células parietais que causam a ativação da adenililciclase, o que leva ao aumento da secreção gástrica, além de inibir o efeito da gastrina, reduzindo a acidez gástrica. Além disso, possui ação bacteriostática contra H. pylori, por promover alterações na permeabilidade da membrana microbiana, levando a perdas de eletrólitos e água e dificulta a adesão bacteriana às células gástricas.

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O chá de espinheira-santa possui atividade gastroprotetora

O efeito protetor da espinheira-santa é comparado ao da cimetidina, utilizada como anti-histamínico de ação inibitória sobre a hemorragia digestiva e sobre a secreção gástrica de ácidos, comumente observados na úlcera péptica. Estudos realizados demonstrou que o extrato das folhas dessa espécie apresentou efeitos antiulcerogênicos em pacientes portadores de dispepsia alta ou úlcera péptica.

Dentre os compostos bioativos da espinheira-santa, que podem ter ação antiulcerogênica e anti-gástrica, destacam-se os flavonoides, taninos e triterpenos. Como resultado da infusão das folhas, consomem-se várias substâncias, como por exemplo, os polissacarídeos. Possíveis mecanismos para o efeito gastroprotetor dos polissacarídeos são: a habilidade destes polímeros de se ligar à superfície da mucosa gástrica, atuando como uma camada protetora; a atividade anti-secretora de suco gástrico; a proteção da mucosa pelo aumento da síntese de muco; e o sequestro de radicais livres.

Modo de preparo

Preparar por decocção. Para 150 ml de água: ferver por 5 minutos, desligar o fogo e deixar em contato com a água durante 15 minutos.

Sugestão de consumo

O chá deve ser ingerido até 10 horas após o preparo, não podendo ser reaquecido. Tomar 150 ml da infusão duas horas após o almoço e à noite, podendo ser administrado até quatro vezes ao dia.

RENISUS

A espinheira-santa (Maytenus spp.) faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) devido ao largo uso na medicina popular e comprovada eficácia principalmente no tratamento de problemas digestivos (com eficácia equivalente à obtida com a cimetidina e ranitidina), que está relacionada à presença de taninos nas folhas da planta. Como serve também para beneficiar a digestão, pode ajudar pessoas a emagrecer, principalmente aquelas que possuem distúrbios digestivos.

Contraindicações e efeitos colaterais da espinheira-santa

A planta foi muito utilizada por índios sul-americanos como abortivo e para evitar a gravidez, propriedades que podem ser comprovadas devido ao feito de promover contrações uterinas e até de dificultar a implantação do embrião na parede do útero. Portanto, não deve ser utilizada por mulheres que desejam engravidar ou estejam em fase de gestação.

Referências:
Mariot, Márcio Paim, and Rosa Lía Barbieri. “O conhecimento popular associado ao uso da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia e M. aquifolium).” Revista Brasileira de Biociências 5.S1 (2007): 666-668.
Negri, Myrian Lane Soares, João Carlos Possamai, and Tomoe Nakashima. “Atividade antioxidante das folhas de espinheira-santa-Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss., secas em diferentes temperaturas.” Revista Brasileira de Farmacognosia 19 (2009): 553-556.
Alberton, Michele Debiasi, Daniel de Barcellos Falkenberg, and Miriam de Barcellos Falkenberg. “Análise cromatográfica de fitoterápicos a base de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia).” Revista Brasileira de Farmacognosia 12 (2002): 11-13.