Goiaba: saiba para que serve a fruta

Goiaba - Psidium guava

Conheça os benefícios, efeitos colaterais, indicações e propriedades medicinais da goiaba, fruto da goiabeira (Psidium guava), também conhecida como guava.

Atualizado em 22/09/2022

A goiaba (Psidium guajava) é a fruta da goiabeira, uma planta medicinal também conhecida como guava, goiabeiro, guave, guayaba (espanhol), dentre outros nomes populares.

Benefícios da goiaba

Na casca, fruta e folha da goiaba se concentram as propriedades da planta, que possui uma longa história de usos medicinais. Os índios Tikuna usam tradicionalmente a decocção das folhas e das cascas da goiaba para curar diarreia e disenteria, inclusive, a Farmacopeia da Holanda considera as folhas da goiabeira indicadas para o tratamento da diarreia. Os indígenas também usam para dor de garganta, vômitos, problemas de estômago, vertigem e para ajudar a regularizar períodos menstruais. As folhas de goiaba são mastigadas para aliviar o mau hálito e estancar sangramentos na gengiva.

O extrato de folhas é usado também como uma ducha para candidíase. As folhas são esmagadas e aplicadas em feridas e contusões. É dito que as folhas de goiaba mastigadas antes de iniciar o consumo de bebidas alcoólicas previnem o aparecimento de ressacas. A decocção da casca ou folhas ou infusão da flor é usada topicamente para úlceras e feridas na pele. As flores esmagadas são aplicadas em inchaços nos olhos, lesões oculares e conjuntivite.

A goiaba é amplamente utilizada na medicina popular como um antisséptico natural, inclusive quando interage com outros antissépticos sintéticos e concentrados, vez em função de suas propriedades hipoalergênicas potencializa os efeitos (diminui as possibilidades da incidência de alergias).

Propriedades nutricionais da goiaba

A goiaba é rica em taninos, fenóis, triterpenos, flavonoides, óleos essenciais, saponinas, carotenoides, lectinas, vitaminas, fibras e ácidos graxos. A fruta é rica em vitamina C e uma boa fonte de pectina – uma fibra dietética. As folhas de goiaba são ricas em flavonoides, principalmente a quercetina, sendo que grande parte da atividade terapêutica da goiaba é atribuída a estes flavonoides, que têm demonstrado atividade antibacteriana. Acredita-se que a quercetina contribui para o efeito antidiarreico da goiaba, sendo capaz de relaxar o músculo liso intestinal e inibir as contrações intestinais. Além disso, outros flavonoides e triterpenos presentes nas folhas de goiabeira mostraram atividade antiespasmódica.

A goiaba também possui propriedades antioxidantes atribuídas aos polifenóis encontrados nas folhas. Os carotenoides se convertem em vitamina A e tem efeito antioxidante dentro das células. 100 gramas de polpa de goiaba corresponde por cerca de 8% da necessidade diária de vitamina A. A goiaba também contém vitaminas do grupo B, exceto B12. Também estão presentes a vitamina E, assim como cálcio, fósforo, magnésio e ferro. Seu mineral mais abundante é o potássio. Na culinária, a goiaba é utilizada como ingrediente principal em geleias, bolos, doces e outros preparos.

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O uso da goiaba para emagrecer, reduzir calorias e diminuir os níveis de açúcar no sangue

Em dois estudos randomizados em humanos, o consumo de frutos de goiaba por 12 semanas, além de reduzir a pressão arterial, também diminuiu os níveis de colesterol total em 9%, diminuição de triglicérides em quase 8%, além de aumentar a taxa de colesterol HDL (considerado “colesterol bom”) em 8%. Os efeitos foram atribuídos ao alto teor de potássio e fibras solúveis da fruta. O grande porém é que, neste estudo, o consumo diário de goiabas durante 12 semanas era muito alto, por isso os resultados foram tão satisfatórios. O suco de fruta de goiaba tem sido recomendado para diminuir os níveis de açúcar em diabéticos.

Tratamento de distúrbios digestivos

O uso da goiaba para o tratamento da gastroenterite, diarreia e outros distúrbios digestivos tem sido validado em numerosos estudos. Ensaios clínicos em humanos que o extrato vegetal da goiaba é eficaz no tratamento de diarreia em adultos. Os extratos de folhas de goiaba e suco da fruta também tem sido estudado clinicamente para a diarreia infantil. Em um estudo clínico com 62 crianças com enterite por rotavírus infantil, a taxa de recuperação foi de três dias em 87,1% das crianças que foram controlados com a goiaba, cessando em um efeito mais curto do que nos pacientes que apenas foram feitos controles.

Tratamento da arritmia cardíaca

Em um estudo de 2003, pesquisadores brasileiros relataram que extratos de folhas de goiaba têm numerosos efeitos sobre o sistema cardiovascular que pode ser útil no tratamento da arritmia cardíaca. Outras pesquisas anteriores já indicavam que a folha possui propriedades antioxidantes benéficas para o coração, melhorando a função miocárdica.

O cultivo da goiaba

A goiabeira é uma árvore de sombra comum no Brasil. Algumas árvores chegam há mais de 20 metros de altura. O tamanho das goiabeiras pode variar mais de 10 metros, de acordo com sua variedade, assim como o tamanho dos frutos. É cultivada em vários trópicos do mundo, vez que pode sobreviver há uma variedade solos, se reproduz facilmente e frutifica de forma relativamente rápida. Os frutos contêm numerosas sementes que podem produzir uma árvore frutífera em cerca de quatro anos. Nas florestas e matas, as goiabas são muito apreciadas por pássaros e macacos, que dispersam sementes de goiaba em suas fezes e ajudam a propagar a espécie.

Contraindicações e efeitos colaterais da goiaba

O consumo excessivo de goiabas não é indicado para pessoas com aparelho digestivo frágil ou com problemas intestinais.

História e curiosidades

Sementes de goiaba armazenadas com sementes de outras plantas como feijão, abóbora e milho foram encontradas em sítios arqueológicos no Peru datados de milhares de anos. A espécie Psidium guajava faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil. As goiabas fazem parte da família Myrtaceae.

Referências:
Wei, L., et al. “Clinical study on treatment of infantile rotaviral enteritis with Psidium guajava L.” Zhongguo Zhong Xi Yi Jie He Za Zhi 2000; 20(12): 893-5.
Rique, Ana Beatriz Ribeiro, E. de A. Soares, and C. de M. Meirelles. “Nutrição e exercício na prevenção e controle das doenças cardiovasculares.” Rev Bras Med Esporte 8.6 (2002): 244-54.
Corrêa, Maria Ivaneide Coutinho. “Processamento de néctar de goiaba (Psidium guajava L. var. Paluma): compostos voláteis, características físicas e químicas e qualidade sensorial.” (2002).
Agte, Vaishali, et al. “Vitamin profile of cooked foods: how healthy is the practice of ready-to-eat foods?.” International journal of food sciences and nutrition 53.3 (2002): 197-208.