Cidrão – Lúcia-Lima (Aloysia citriodora): Guia Completo

Aloysia citriodora Palau

A Aloysia citriodora, conhecida popularmente no Brasil como cidrão e em Portugal como lúcia-lima, é um arbusto aromático originário da América do Sul, reverenciado mundialmente por seu perfume intensamente cítrico que lembra o limão. Suas folhas e flores, ricas em óleos essenciais, são a base de uma das infusões mais apreciadas para promover o relaxamento e o bem-estar.

Tradicionalmente utilizada para acalmar os nervos, combater a insônia, aliviar distúrbios digestivos e até mesmo tratar febres e gripes, o cidrão teve suas propriedades validadas pela ciência moderna, que destaca seu potente efeito antioxidante, ansiolítico, antimicrobiano e até mesmo antiproliferativo, tornando-a uma das plantas medicinais mais versáteis da farmacopeia popular.

Nomes populares

Cidrão, cedrina, cidrilha, cidrilho, cidró, erba cedrina (italiano), erva-luísa, falsa-erva-cidreira, hierba luisa (espanhol), lemon verbena (inglês), limonete, lúcia-lima, salva-limão, verbena, verveine citronnelle (francês).

Sinônimos botânicos Aloysia citriodora

Aloysia citriodora Ortega ex Pers., Aloysia sleumeri Moldenke, Aloysia triphylla (L’Hér.) Britton, Lippia citriodora (Lam.) Kunth, Lippia triphylla (L’Hér.) Kuntze, Verbena citriodora Cav., Verbena triphylla L’Hér., Zapania citriodora Lam.

Família

Verbenaceae

Ilustração botânica de Aloysia citriodora Paláu (cidrão, lúcia-lima, lemon verbena), arbusto aromático nativo da América do Sul (Argentina, Chile, Peru) da família Verbenaceae catalogado por Antonio Palau y Verdera em 1784, mostrando folhas lanceoladas opostas com forte aroma cítrico, flores tubulares em espigas terminais lavanda-pálidas e caule lenhoso, em estilo de enciclopédia botânica vitoriana do século XIX.

Ilustração botânica de Aloysia citriodora Paláu (cidrão, lúcia-lima, lemon verbena), arbusto aromático nativo da América do Sul (Argentina, Chile, Peru) da família Verbenaceae catalogado por Antonio Palau y Verdera em 1784, mostrando folhas lanceoladas opostas com forte aroma cítrico, flores tubulares em espigas terminais lavanda-pálidas e caule lenhoso, em estilo de enciclopédia botânica vitoriana do século XIX.

Partes usadas

  • Flores
  • Folhas

Usos tradicionais

  • Afecções do coração
  • Ansiedade
  • Asma
  • Bronquite
  • Congestão nasal
  • Diarreia
  • Doenças nervosas
  • Dor de cabeça
  • Dor de estômago
  • Enxaqueca
  • Estresse crônico
  • Febre
  • Flatulência
  • Gripe
  • Hipocondria
  • Inchaço (edema)
  • Inchaço dos olhos
  • Infecção intestinal
  • Insônia
  • Melancolia
  • Náusea
  • Nevralgia
  • Problemas digestivos
  • Taquicardia
  • Vertigem
  • Vômito
  • Zumbido no ouvido

Propriedades medicinais

  • Anestésica (promove a perda de sensibilidade local)
  • Ansiolítica (reduz a ansiedade e a agitação)
  • Antibacteriana (combate o crescimento de bactérias)
  • Anticâncer (possui compostos que podem combater células tumorais)
  • Anticatártica (combate o catarro e facilita a expectoração)
  • Antiemética (previne e alivia náuseas e vômitos)
  • Antiespasmódica (alivia espasmos musculares e cólicas)
  • Antifúngica (combate o crescimento de fungos, como a Candida albicans)
  • Anti-histérica (acalma estados de histeria e nervosismo extremo)
  • Anti-inflamatória (reduz a inflamação)
  • Antimalárica (tradicionalmente usada contra malária)
  • Antimicrobiana (inibe o crescimento de microrganismos)
  • Anti-obesidade (pode auxiliar na regulação do peso)
  • Antioxidante (neutraliza os radicais livres, protegendo as células)
  • Aromática (possui aroma agradável e intenso)
  • Cardíaca (auxilia no funcionamento do coração)
  • Carminativa (ajuda a eliminar gases do sistema digestivo)
  • Depressora do sistema nervoso central (reduz a atividade do SNC, promovendo relaxamento)
  • Descongestionante (alivia a congestão nasal e respiratória)
  • Digestiva (auxilia no processo de digestão)
  • Emenagoga (estimula o fluxo menstrual)
  • Estimulante (em doses baixas, pode estimular o organismo)
  • Estomáquica (fortalece e tonifica o estômago)
  • Excitante (pode estimular o sistema nervoso em doses adequadas)
  • Febrífuga (reduz a febre)
  • Neuroprotetora (protege as células do sistema nervoso)
  • Prolongadora do sono (aumenta a duração e qualidade do sono)
  • Sedativa (induz à calma e ao sono)
  • Tônica (fortalece e revigora o organismo)

Preparações

  • Chá (infusão)
  • Compressa
  • Decocção
  • Extrato seco
  • Licor medicinal
  • Óleo essencial
  • Suplemento (cápsulas)
  • Tintura

Modo de uso

  • Chá Calmante para Ansiedade e Insônia (Infusão): Adicionar 2 colheres de chá de folhas secas (ou frescas) em 1 xícara de água fervente. Tampar e deixar em infusão por 5 a 10 minutos. Coar e beber uma xícara à noite, antes de dormir, ou durante o dia para aliviar o estresse. É o método mais popular e eficaz para obter seus benefícios sedativos e ansiolíticos.
  • Compressa para Inchaço dos Olhos: Preparar uma infusão forte com 2 colheres de sopa das folhas em 250 ml de água. Deixar esfriar, coar e embeber um pano limpo ou algodão no líquido. Aplicar sobre os olhos fechados por 10 a 15 minutos. Atenção: evitar exposição ao sol após o uso, pois a planta é fotossensibilizante.
  • Decocção Digestiva e Carminativa: Ferver 1 colher de sopa das folhas em 300 ml de água por cerca de 5 minutos. Desligar, tampar e deixar amornar. Coar e tomar uma xícara após as refeições para aliviar indigestão, gases, espasmos estomacais e náuseas.
  • Licor Medicinal Tradicional: Macerar 70 folhas frescas em 500 ml de álcool de cereais 90° e 500 ml de água destilada por 3 dias. Adicionar 300 g de açúcar e casca de 1 limão. Vedar a garrafa e deixar descansar por 20 dias. Coar e tomar 1 cálice pequeno após as refeições para auxiliar na digestão e fortalecer o estômago.
  • Óleo Essencial para Aromaterapia: Utilizar de 3 a 5 gotas do óleo essencial de cidrão em um difusor de ambientes para criar uma atmosfera relaxante, reduzir a ansiedade e promover uma noite de sono tranquila. Não ingerir o óleo essencial puro.

Contraindicações e efeitos colaterais da Aloysia citriodora

Apesar de ser considerada segura pela American Herbal Products Association (AHPA), a Aloysia citriodora apresenta contraindicações importantes que devem ser respeitadas. A planta é fotossensibilizante, o que significa que pode causar manchas, queimaduras ou irritações na pele quando exposta ao sol após o uso tópico (compressas, óleos). Portanto, deve-se evitar a exposição solar após aplicações externas. Por ser depressora do sistema nervoso central, não se deve ultrapassar a dosagem indicada, pois o excesso pode causar sonolência excessiva, letargia e depressão do SNC.

O uso prolongado pode irritar o aparelho digestivo, causando desconforto estomacal. A planta aumenta o sono, portanto deve ser evitada antes de dirigir ou operar máquinas. Por precaução, o uso em gestantes, lactantes e crianças pequenas deve ser evitado ou acompanhado por um profissional de saúde devido à falta de estudos específicos de segurança para esses grupos. Pessoas com hipotensão (pressão baixa) devem consumir com moderação, pois a planta pode ter um leve efeito hipotensor.

Fitoquímicos da Aloysia citriodora

O cidrão é extremamente rico em compostos fenólicos e óleos essenciais, responsáveis por seu aroma característico e grande parte de suas atividades farmacológicas. O citral é o componente majoritário do óleo essencial e define seu cheiro marcante de limão.

  • 1,8-cineol (cineol)
  • α-pineno
  • β-cariofileno (cariofileno)
  • β-pineno
  • Borneol
  • Citral (geranial e neral)
  • Citronelal
  • Citronelol (d-citronelol)
  • d-limoneno
  • Etil-eugenol
  • Felandreno
  • Fenilpropanoides
  • Flavonoides
  • Geraniol
  • Glicosídeos iridóides
  • Isosafrol
  • l-carvona
  • l-limoneno
  • Lignanas
  • Linalol
  • Meheptenona (metilheptona)
  • Mucilagem
  • p-cimol
  • Polifenóis
  • Taninos
  • Terpenol
  • Verbascosídeo
  • Verbenona

Curiosidades

  • O cidrão (Aloysia citriodora) é frequentemente confundido com a erva-cidreira verdadeira (Melissa officinalis) no Brasil, razão pela qual é também chamado de “falsa-erva-cidreira”. Embora ambas sejam plantas calmantes e aromáticas, pertencem a famílias botânicas diferentes: o cidrão é da família Verbenaceae, enquanto a erva-cidreira verdadeira pertence à família Lamiaceae (das mentas). O aroma do cidrão é puramente de limão, intenso e refrescante, enquanto a Melissa officinalis tem um cheiro mais complexo, com notas de mel, menta e limão suave.
  • A planta foi nomeada “Aloysia” em homenagem a Maria Luísa de Parma, esposa do rei Carlos IV da Espanha. Os exploradores espanhóis levaram a planta da América do Sul para a Europa no século XVII, onde ela rapidamente se tornou popular em jardins reais, perfumarias e na medicina popular europeia. Seu uso se espalhou pela França, Itália e Portugal, onde ganhou o nome de “lúcia-lima”, uma corruptela de “erva-luísa”, também em homenagem à rainha.
  • A ciência moderna tem confirmado o que a tradição já sabia, e indo além. Um estudo de 2022 publicado no periódico Plants (Rashid et al.) demonstrou um notável potencial anticâncer do extrato de acetato de etila da planta. Em testes com camundongos portadores de tumores, o tratamento resultou em uma redução de quase 58 por cento no tamanho do tumor, e em 44 por cento dos animais, os tumores se tornaram completamente indetectáveis. Além disso, o extrato etanólico apresentou o maior conteúdo fenólico total (117,13 mg de equivalente de ácido gálico por grama) e a atividade antioxidante mais potente entre todos os extratos testados, abrindo novas e promissoras vias de pesquisa para o uso da planta em terapias oncológicas e no combate ao estresse oxidativo.

Perguntas Frequentes sobre Cidrão (Aloysia citriodora)

  • Chá de cidrão dá sono? Sim, é um de seus usos mais conhecidos e tradicionais. Suas propriedades sedativas, ansiolíticas e prolongadoras do sono ajudam a acalmar o sistema nervoso, reduzir a ansiedade e induzir a um sono mais tranquilo e reparador. Por isso, é recomendado tomar à noite, antes de dormir.
  • Posso usar o cidrão para emagrecer? Ele pode ser uma aliada no processo de emagrecimento. Estudos sugerem que a planta tem efeitos anti-obesidade e ajuda a reduzir o estresse oxidativo, que está ligado ao ganho de peso e à síndrome metabólica. Além disso, seu efeito calmante pode ajudar a controlar a ansiedade, um gatilho comum para a compulsão alimentar e o consumo emocional de alimentos.
  • Qual a diferença entre o chá e o óleo essencial? O chá (infusão) é ideal para consumo interno, para obter os benefícios sistêmicos como efeito calmante, digestivo, febrífugo e anti-inflamatório. O óleo essencial é extremamente concentrado e deve ser usado apenas externamente, em aromaterapia (difusores) ou massagens (sempre diluído em óleo carreador), para aproveitar seus efeitos relaxantes, antimicrobianos e descongestionantes. Nunca ingerir o óleo essencial puro.
  • Cidrão baixa a pressão? Ele pode ter um leve efeito hipotensor (redução da pressão arterial). Pessoas que já têm pressão baixa (hipotensão) devem consumir com moderação e observar os efeitos. Para quem tem hipertensão, pode ser um bom complemento ao tratamento, mas não substitui os medicamentos prescritos pelo médico.
  • É seguro tomar todos os dias? Sim, a Aloysia citriodora é considerada segura para consumo diário em doses moderadas (1 a 3 xícaras de chá por dia). No entanto, o uso prolongado e contínuo pode irritar o aparelho digestivo em algumas pessoas. Recomenda-se fazer pausas periódicas (por exemplo, 5 dias de uso e 2 dias de descanso) ou alternar com outras plantas calmantes.

Referências:
Antioxidant and Antiproliferation Activities of Lemon Verbena (Aloysia citrodora): An In Vitro and In Vivo Study
Aloysia citrodora Paláu (Lemon verbena): A review of phytochemistry and pharmacology
Evaluation of the antibacterial effects of aqueous and alcoholic extracts of Aloysia citriodora
Chemical composition, anticancer, antimicrobial activity of Aloysia citriodora essential oils
5 Potential Health Benefits of Lemon Verbena – Healthline