Dicliptera aromatica L.
A Dicliptera aromatica, popularmente conhecida como alecrim-da-serra ou alecrim-tabuleiro, é uma planta medicinal da família Acanthaceae, nativa do Brasil e encontrada principalmente em regiões de Cerrado e Caatinga. Valorizada na medicina popular por seu aroma característico e propriedades terapêuticas, é utilizada tradicionalmente no tratamento de reumatismo, problemas digestivos e febres, além de possuir um importante papel em rituais religiosos afro-brasileiros.
Nomes populares
Alecrim-da-serra, alecrim-tabuleiro.
Sinônimos botânicos da Dicliptera aromatica
Não foram encontrados sinônimos botânicos relevantes na literatura pesquisada.
Família
Acanthaceae

Ilustração botânica de Dicliptera aromatica (Vell.) Juss. (alecrim-da-serra, alecrim-do-campo), planta aromática nativa do Brasil da família Acanthaceae descrita por Vellozo e reclassificada por Jussieu, mostrando folhas opostas lanceoladas, flores tubulares roxas em espigas terminais e caule herbáceo, em estilo de enciclopédia botânica vitoriana do século XIX.
Partes usadas
- Brotos mais tenros
- Partes aéreas
Usos tradicionais
- Desordens respiratórias
- Estômago preguiçoso (problemas digestivos)
- Febre intermitente
- Febre tifoide
- Hemorroidas
- Reumatismo
Propriedades medicinais
- Analgésico (alivia a dor)
- Anti-inflamatório (reduz a inflamação)
- Antirreumático (combate os sintomas do reumatismo)
- Antiespasmódico (alivia espasmos e cãibras musculares)
- Antioxidante (neutraliza os radicais livres)
- Aromático (possui aroma intenso devido aos óleos essenciais)
- Estimulante (aumenta a atividade e a energia)
- Hepatocurativo (auxilia na recuperação de problemas hepáticos)
- Hepatoprotetor (protege as células do fígado contra danos)
Preparações
- Banhos
- Cataplasma
- Chá (infusão)
- Decocção
- Extrato
- Tintura
Modo de uso
- Chá para Reumatismo e Digestão (Infusão): Adicionar 1 colher de sopa dos brotos tenros ou partes aéreas secas a uma xícara (250 ml) de água fervente. Tampar e deixar em infusão por 10 a 15 minutos. Coar e beber de 2 a 3 xícaras ao dia. Esta forma de uso é a mais comum para aliviar dores reumáticas e auxiliar em casos de “estômago preguiçoso”.
- Decocção para Febre: Ferver 1 colher de sopa da planta em 300 ml de água por 5 minutos. Deixar amornar, coar e tomar ao longo do dia. A decocção é tradicionalmente utilizada para auxiliar no controle de febres intermitentes.
- Banho Energético e Ritualístico: Preparar uma infusão forte com um punhado generoso da planta em 2 litros de água fervente. Deixar amornar, coar e despejar sobre o corpo do pescoço para baixo após o banho de higiene. Este banho é utilizado em rituais religiosos para limpeza e energização, aproveitando as propriedades aromáticas e estimulantes da planta.
- Cataplasma para Hemorroidas: Amassar as partes aéreas frescas até formar uma pasta. Aplicar diretamente sobre a área afetada. Acredita-se que as propriedades anti-inflamatórias e analgésicas ajudem a aliviar o desconforto local.
- Tintura (Uso Geral): Preparar uma tintura macerando 50g da planta seca em 250 ml de álcool de cereais a 70% por 15 dias. Coar e armazenar em frasco escuro. Utilizar de 20 a 30 gotas diluídas em água, 2 vezes ao dia, como um tônico geral e para auxiliar nas diversas indicações da planta.
Contraindicações e efeitos colaterais da Dicliptera aromatica
O uso da Dicliptera aromatica deve ser feito com cautela. A principal advertência encontrada na literatura popular e científica é que a planta não deve ser utilizada de forma contínua ou em excesso, pois pode provocar manifestações tóxicas. Devido à falta de estudos de segurança aprofundados, seu uso é desaconselhado para gestantes, lactantes e crianças sem a supervisão de um profissional de saúde qualificado.
Pessoas com doenças hepáticas graves devem evitar o uso, apesar de suas propriedades hepatoprotetoras, até que mais estudos sejam realizados. Não há informações sobre interações medicamentosas, mas é fundamental informar ao seu médico sobre o uso de qualquer planta medicinal.
Fitoquímicos da Dicliptera aromatica
A composição fitoquímica específica da Dicliptera aromatica ainda é pouco estudada. No entanto, com base em análises de óleos essenciais e estudos de espécies relacionadas do mesmo gênero (como D. roxburghiana), os principais constituintes prováveis incluem:
- β-panasinseno
- Cameroonan-7-α-ol
- Compostos fenólicos
- Compostos não-terpênicos
- Compostos terpenoides
- Flavonoides
- Glicosídeos
- Hexadecatrienal
- Linalool
- Lipídeos
- Óleos essenciais
- Pentadecanal
- Phytol
Curiosidades
- O nome popular “alecrim-da-serra” ou “alecrim-tabuleiro” não deve causar confusão com o alecrim comum (Rosmarinus officinalis). Apesar do aroma semelhante que justifica o nome, são plantas de famílias botânicas completamente diferentes (Acanthaceae vs. Lamiaceae) e com propriedades distintas. Essa semelhança aromática é um exemplo de “evolução convergente” no mundo vegetal, onde espécies diferentes desenvolvem características parecidas para se adaptar a nichos ecológicos ou atrair polinizadores.
- A família Acanthaceae, à qual a Dicliptera aromatica pertence, é um dos pilares da biodiversidade medicinal no Brasil, especialmente no Cerrado. Muitas plantas desta família são conhecidas na medicina popular por suas fortes propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. A ciência moderna tem validado esses usos, identificando compostos como flavonoides e terpenoides que atuam em vias inflamatórias do corpo, o que reforça a base científica para o uso tradicional do alecrim-da-serra contra o reumatismo.
- O uso da Dicliptera aromatica em rituais religiosos afro-brasileiros, como banhos de descarrego e energização, destaca sua importância cultural para além da medicina. Nestes contextos, o poder da planta não está apenas em seus fitoquímicos, mas também em sua “energia” ou “axé”. O aroma forte e penetrante é considerado um elemento purificador, capaz de afastar energias negativas e atrair vibrações positivas, conectando o corpo físico ao espiritual.
Perguntas Frequentes sobre Alecrim-da-Serra
- Alecrim-da-serra é a mesma coisa que alecrim comum? Não. Apesar do nome e do aroma parecido, são plantas de famílias diferentes com propriedades distintas. O alecrim-da-serra é Dicliptera aromatica e o alecrim comum é Rosmarinus officinalis.
- Posso usar o alecrim-da-serra como tempero na comida? Não é recomendado. Seu uso tradicional é medicinal e ritualístico. A advertência sobre toxicidade em uso contínuo sugere que ele não deve ser consumido como um tempero alimentar comum.
- O chá de alecrim-da-serra realmente ajuda no reumatismo? O uso tradicional para reumatismo é forte e bem documentado. Estudos em plantas da mesma família (Acanthaceae) comprovam a existência de compostos com potente ação anti-inflamatória e analgésica, o que fornece uma base científica para este uso.
- É seguro tomar o chá todos os dias? Não. A literatura adverte que o uso contínuo e excessivo pode ser tóxico. O ideal é usar a planta para tratamentos específicos e por tempo limitado, sempre com o acompanhamento de um profissional de saúde.
- Por que a planta é usada em rituais religiosos? Devido ao seu aroma forte e propriedades estimulantes, acredita-se que a planta tenha o poder de realizar uma limpeza energética, afastar vibrações negativas e atrair energias positivas, sendo um elemento importante em banhos e defumações.