Ruibarbo-Tangut (Rheum tanguticum): Guia Completo

Rheum tanguticum Maxim. ex Balf. O Rheum tanguticum é conhecido popularmente como ruibarbo-tangut, ruibarbo-da-China ou da huang. É uma planta herbácea perene robusta da família Polygonaceae. É endêmica das regiões montanhosas do planalto tibetano e províncias adjacentes da China.

Cresce em altitudes elevadas entre 2.700 e 4.500 metros. Esta espécie é uma das três espécies oficiais de ruibarbo medicinal reconhecidas pela Farmacopeia Chinesa. As outras são Rheum palmatum e Rheum officinale.

É amplamente utilizada na Medicina Tradicional Chinesa há mais de 2.000 anos. É conhecida como da huang (大黃), que significa “grande amarelo”. Este nome refere-se à cor amarelo-alaranjada característica de sua raiz e rizoma quando cortados.

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Características Distintivas do Ruibarbo-Tangut

O ruibarbo-tangut é caracterizado por suas grandes folhas basais palmatilobadas. Possui 5 a 7 lobos profundamente divididos com margens irregularmente dentadas. Seus longos pecíolos são de cor vermelho-púrpura distintiva.

A raiz e o rizoma são grossos e carnosos. Apresentam exterior marrom-escuro e interior amarelo-alaranjado brilhante. Quando cortados transversalmente, exibem um padrão característico em forma de estrela. Este padrão é formado por anéis de pontos de amido e cristais de oxalato de cálcio.

Status de Conservação e Ameaças

O Rheum tanguticum é considerado uma planta medicinal ameaçada de extinção. Isso ocorre devido à coleta excessiva de plantas selvagens para uso medicinal. A destruição de habitat e mudanças climáticas também contribuem.

Estima-se que as populações selvagens tenham diminuído significativamente nas últimas décadas. Esforços de conservação e cultivo sustentável estão em andamento. O objetivo é proteger esta espécie valiosa e garantir seu suprimento para uso medicinal.

Composição Química e Propriedades

As raízes e rizomas do ruibarbo-tangut contêm altas concentrações de compostos bioativos. Os principais são antraquinonas livres e glicosídeos de antraquinona. Incluem emodina, crisofanol, reína, aloe-emodina e senosídeos.

Estes compostos são responsáveis por suas potentes propriedades laxativas, anti-inflamatórias e antibacterianas. Também possui propriedades hepatoprotetoras, nefroprotetoras e anticancerígenas. Estudos modernos têm validado muitos de seus usos tradicionais.

Na Medicina Tradicional Chinesa, o da huang é classificado como uma erva que “drena o calor e purga o acúmulo”. É tradicionalmente usado para tratar constipação severa, acúmulo de calor no estômago e intestinos. Também trata estagnação sanguínea, infecções, icterícia e hemorragias internas.

Nomes Populares

Ruibarbo-tangut, Ruibarbo-da-China, Ruibarbo-medicinal, Da huang (China – 大黃), Tangut rhubarb (Estados Unidos, Reino Unido), Chinese rhubarb (Estados Unidos, Reino Unido), Rhubarbe de Chine (França).

Sinônimos Botânicos da Rheum tanguticum

Rheum palmatum var. tanguticum (Maxim. ex Balf.) Maxim. ex Regel, Rheum spiciforme Royle var. tanguticum (Maxim. ex Balf.) Kitam.

Rheum palmatum var. tanguticum – Classificação histórica que considerava o ruibarbo-tangut como uma variedade de R. palmatum. Estudos genéticos e morfológicos recentes sugerem que R. tanguticum e R. palmatum são espécies muito próximas. Alguns botânicos chineses consideram que podem não ser espécies distintas. No entanto, R. tanguticum é mantido como espécie separada pela Farmacopeia Chinesa.

Família

Polygonaceae

Ilustração botânica de Rheum tanguticum Maxim. ex Balf. (ruibarbo-tangut, da huang), planta perene da família Polygonaceae descrita por Maximowicz e Balfour, endêmica do planalto tibetano, mostrando folhas palmatilobadas com 5-7 lobos, pecíolos vermelho-púrpura, flores esverdeadas, e rizoma com interior amarelo-alaranjado em padrão de estrela, em estilo de enciclopédia botânica do século XIX.

Ilustração botânica de Rheum tanguticum Maxim. ex Balf. (ruibarbo-tangut, da huang), planta perene da família Polygonaceae descrita por Maximowicz e Balfour, endêmica do planalto tibetano, mostrando folhas palmatilobadas com 5-7 lobos, pecíolos vermelho-púrpura, flores esverdeadas, e rizoma com interior amarelo-alaranjado em padrão de estrela, em estilo de enciclopédia botânica do século XIX.

Partes Usadas

  • Raiz
  • Rizoma

Usos Tradicionais

  • Constipação severa
  • Diarreia (em doses baixas como adstringente)
  • Distúrbios digestivos
  • Estagnação sanguínea e hematomas
  • Hemorragias internas
  • Icterícia e doenças hepáticas
  • Infecções bacterianas
  • Inflamações
  • Insuficiência renal
  • Queimaduras e feridas (uso tópico)
  • Sepse

Propriedades Medicinais da Rheum tanguticum

  • Adstringente (em doses baixas, contrai tecidos e reduz secreções)
  • Anti-inflamatório (reduz inflamações e processos inflamatórios)
  • Antibacteriano (inibe o crescimento de bactérias patogênicas)
  • Anticancerígeno (possui compostos com atividade antitumoral)
  • Antioxidante (combate radicais livres e estresse oxidativo)
  • Colagogo (estimula a secreção de bile)
  • Hemostático (auxilia na coagulação e controle de hemorragias)
  • Hepatoprotetor (protege o fígado contra danos e toxinas)
  • Imunomodulador (regula e fortalece o sistema imunológico)
  • Laxante estimulante (em doses elevadas, estimula os movimentos intestinais)
  • Nefroprotetor (protege os rins e melhora a função renal)
  • Purgativo (em doses muito elevadas, promove evacuação vigorosa)

Preparações

  • Cápsulas
  • Cataplasma
  • Decocção
  • Extrato líquido
  • Tabletes
  • Tintura

Modo de Uso

Cápsulas de Extrato Padronizado para Constipação

Tomar de 500 a 1.000 mg de extrato padronizado de ruibarbo. Geralmente padronizado para 5-10% de antraquinonas. Tomar 1 a 2 vezes ao dia, de preferência à noite antes de dormir.

O efeito laxante geralmente ocorre em 6 a 12 horas. Este método é conveniente e permite dosagem precisa. Não usar por mais de 7 a 10 dias consecutivos sem supervisão médica.

Cataplasma da Raiz em Pó para Queimaduras e Feridas

Misturar o pó da raiz de ruibarbo com água ou mel. Formar uma pasta espessa. Aplicar diretamente sobre queimaduras, feridas, úlceras cutâneas ou inflamações da pele.

Cobrir com gaze limpa e deixar agir por 2 a 4 horas. Repetir 2 vezes ao dia. O ruibarbo possui propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e cicatrizantes eficazes para uso tópico.

Decocção da Raiz como Laxante (Dose Elevada)

Adicionar 5 a 10 gramas de raiz seca cortada a 2 xícaras de água fria. Levar ao fogo e ferver por 10 a 15 minutos. Coar e beber 1 xícara à noite antes de dormir.

Esta dose elevada atua como laxante estimulante potente. Promove evacuação em 6 a 12 horas. Adequado para constipação severa ou ocasional. Não usar por períodos prolongados.

Decocção da Raiz como Tônico Digestivo (Dose Baixa)

Adicionar 1 a 3 gramas de raiz seca cortada a 1 xícara de água fria. Levar ao fogo e ferver por 5 a 10 minutos. Coar e beber 1 a 2 xícaras por dia após as refeições.

Em doses baixas, o ruibarbo atua como adstringente e tônico digestivo. Isso ocorre devido ao seu conteúdo de taninos. Auxilia na digestão, reduz diarreia leve e fortalece o trato gastrointestinal.

Pó da Raiz para Doenças Hepáticas e Icterícia

Tomar de 1 a 3 gramas de pó da raiz de ruibarbo. Misturar em água morna ou suco, 2 a 3 vezes ao dia. O ruibarbo é tradicionalmente usado na Medicina Tradicional Chinesa para “drenar o calor do fígado”.

Trata icterícia, hepatite e outras condições hepáticas. Estudos modernos confirmam suas propriedades hepatoprotetoras e colagogas.

Tintura para Infecções e Inflamações

Tomar de 20 a 40 gotas de tintura de ruibarbo. Diluir em água, 2 a 3 vezes ao dia. A tintura concentra os compostos antibacterianos e anti-inflamatórios do ruibarbo.

É eficaz para tratar infecções bacterianas, inflamações internas e estagnação sanguínea. Na Medicina Tradicional Chinesa, é usada para “mover o sangue” e eliminar estagnação.

Contraindicações e Efeitos Colaterais da Rheum tanguticum

Uso Prolongado e Doses Excessivas

O ruibarbo-tangut contém antraquinonas, que são laxantes estimulantes potentes. O uso prolongado ou em doses excessivas pode causar dependência laxativa. Também causa desequilíbrio eletrolítico, especialmente perda de potássio.

Pode levar a desidratação, cólicas abdominais severas, diarreia, náusea e vômito. O uso crônico de laxantes antraquinônicos tem sido associado a um risco aumentado de melanose coli. Esta é uma pigmentação escura do cólon.

Em alguns estudos, há um possível aumento do risco de câncer colorretal. Embora essa associação ainda seja debatida.

Gestantes e Lactantes

É estritamente contraindicado para gestantes. As antraquinonas podem estimular contrações uterinas e potencialmente causar aborto espontâneo. Lactantes devem evitar o uso.

As antraquinonas são excretadas no leite materno e podem causar diarreia no bebê.

Condições Gastrointestinais

Pessoas com obstrução intestinal, doença inflamatória intestinal ativa não devem usar ruibarbo. Também contraindicado para quem tem doença de Crohn, colite ulcerativa, apendicite. Não usar em caso de dor abdominal de origem desconhecida ou hemorroidas severas.

Interações Medicamentosas

O ruibarbo pode interagir com medicamentos cardíacos, especialmente digitálicos. Isso ocorre devido à perda de potássio. Pode aumentar o risco de toxicidade cardíaca.

Pode potencializar os efeitos de diuréticos e corticosteroides. Aumenta a perda de potássio. Pessoas com doença renal devem usar com extrema cautela e sob supervisão médica.

O ruibarbo contém ácido oxálico, que pode formar cálculos renais.

Duração de Uso e População Pediátrica

Não usar por mais de 7 a 10 dias consecutivos como laxante sem orientação médica. O uso deve ser limitado a situações de constipação ocasional. Crianças menores de 12 anos não devem usar ruibarbo sem supervisão médica.

Toxicidade das Folhas

IMPORTANTE: As folhas do ruibarbo são altamente tóxicas. Contêm alto teor de ácido oxálico. Nunca devem ser consumidas. Apenas as raízes e rizomas são usados medicinalmente.

Fitoquímicos da Rheum tanguticum

  • Ácido oxálico (nas folhas – tóxico)
  • Aloe-emodina (antraquinona)
  • Catequinas
  • Crisofanol (antraquinona principal)
  • Emodina (antraquinona principal)
  • Fisciona (antraquinona)
  • Glicosídeos de antraquinona (reosídeos A-D, senosídeos)
  • Reína (antraquinona)
  • Reosídeos (glicosídeos)
  • Senosídeos A e B (glicosídeos laxativos)
  • Taninos (5-10%)
  • Ácidos fenólicos

Curiosidades

Espécie Endêmica e Ameaçada

O Rheum tanguticum é endêmico do planalto tibetano e províncias adjacentes da China. Cresce em altitudes extremamente elevadas entre 2.700 e 4.500 metros. Isso o torna uma das plantas medicinais de maior altitude do mundo.

Devido à coleta excessiva de plantas selvagens para uso medicinal, é considerado uma espécie ameaçada de extinção. Programas de conservação e cultivo sustentável estão sendo implementados na China. O objetivo é proteger as populações selvagens e garantir suprimento sustentável.

Uma Das Três Espécies Oficiais de Ruibarbo Medicinal

A Farmacopeia Chinesa reconhece oficialmente três espécies de ruibarbo medicinal. São Rheum tanguticum, Rheum palmatum e Rheum officinale. Todas são conhecidas como da huang (大黃) na Medicina Tradicional Chinesa.

Embora sejam espécies botanicamente distintas, são usadas intercambiavelmente na prática clínica. Possuem composição química e propriedades medicinais muito semelhantes.

Proximidade Genética com Rheum palmatum

Estudos genéticos moleculares revelaram que R. tanguticum e R. palmatum são geneticamente muito próximos. A pequena variância molecular entre as duas espécies sugere que tiveram um ancestral comum recente.

Alguns botânicos chineses consideram que essas duas espécies podem não ser realmente distintas. Podem representar variações geográficas ou ecológicas da mesma espécie. No entanto, a Farmacopeia Chinesa mantém a distinção entre elas.

Efeito Bidirecional Dose-Dependente

Assim como outras espécies de ruibarbo medicinal, o R. tanguticum apresenta uma característica farmacológica única. É o “efeito bidirecional dose-dependente”.

Em doses baixas (1-3g), atua como adstringente e tônico digestivo devido aos taninos. Pode até tratar diarreia leve. Em doses moderadas a elevadas (5-10g ou mais), atua como laxante estimulante potente. Isso ocorre devido às antraquinonas.

Essa dualidade é rara entre plantas medicinais. Demonstra a importância da dosagem precisa.

Uso em Medicina Veterinária Tradicional

Na medicina veterinária tradicional tibetana e chinesa, o ruibarbo-tangut é usado para tratar distúrbios digestivos em animais. Especialmente em iaques, cavalos e ovelhas.

As sementes da planta, que são um subproduto da colheita medicinal, também são usadas como forragem para animais. Possuem valor nutricional considerável.

Perguntas Frequentes sobre Ruibarbo-Tangut

Qual a Diferença Entre Rheum tanguticum e Rheum palmatum?

Rheum tanguticum e R. palmatum são espécies muito próximas geneticamente e morfologicamente. Ambas são reconhecidas oficialmente pela Farmacopeia Chinesa como fontes de da huang. Possuem composição química e propriedades medicinais muito semelhantes.

As principais diferenças são geográficas e morfológicas sutis. R. tanguticum é endêmico do planalto tibetano e cresce em altitudes mais elevadas. Possui folhas com lobos mais profundamente divididos e margens mais irregulares.

Estudos genéticos sugerem que podem ser variações da mesma espécie. Na prática clínica, são usados intercambiavelmente.

Por que o Rheum tanguticum é Considerado Ameaçado?

O Rheum tanguticum é considerado ameaçado devido à coleta excessiva de plantas selvagens. A demanda por ruibarbo medicinal na China e internacionalmente é muito alta. Isso levou à superexploração das populações selvagens.

A destruição de habitat devido a mudanças no uso da terra também contribui. Mudanças climáticas afetam as regiões de alta altitude onde a planta cresce. Esforços de conservação incluem cultivo sustentável, proteção de habitats naturais e regulamentação da coleta.

O Ruibarbo-Tangut Pode Ser Cultivado Fora da China?

O cultivo de Rheum tanguticum fora da China é tecnicamente possível. Mas apresenta desafios significativos. A planta requer condições específicas de altitude elevada, clima frio e solo bem drenado.

Cresce naturalmente em altitudes de 2.700 a 4.500 metros. Requer invernos frios e verões relativamente frescos. Alguns jardins botânicos e instituições de pesquisa em regiões montanhosas temperadas têm cultivado a planta experimentalmente.

No entanto, a produção comercial em larga escala fora da China permanece limitada.

Qual a Dosagem Segura de Ruibarbo-Tangut?

A dosagem segura depende do efeito desejado. Para efeito adstringente e tônico digestivo, usar 1 a 3 gramas de raiz seca por dia. Para efeito laxante, usar 5 a 10 gramas de raiz seca por dia.

Para extratos padronizados, seguir as instruções do fabricante. Geralmente 500 a 1.000 mg por dia. O uso como laxante não deve exceder 7 a 10 dias consecutivos.

Sempre consultar um profissional de saúde antes de usar. Especialmente se tiver condições médicas pré-existentes ou estiver tomando medicamentos.

O Ruibarbo-Tangut é o Mesmo que o Ruibarbo Culinário?

Não. O ruibarbo-tangut (Rheum tanguticum) é uma espécie medicinal cultivada por suas raízes. O ruibarbo culinário (Rheum rhabarbarum ou R. x hybridum) é cultivado por seus pecíolos comestíveis.

Embora pertençam ao mesmo gênero, são espécies diferentes com usos distintos. O ruibarbo medicinal contém concentrações muito mais altas de antraquinonas. É inadequado para uso culinário.

O ruibarbo culinário não tem as mesmas propriedades medicinais potentes. Ambos têm folhas tóxicas que nunca devem ser consumidas.

Como o Ruibarbo-Tangut é usado na Medicina Tradicional Chinesa?

Na Medicina Tradicional Chinesa, o da huang (ruibarbo) é classificado como uma erva que “drena o calor e purga o acúmulo”. É usado para tratar “calor no estômago e intestinos”. Manifesta-se como constipação, febre, sede e língua vermelha.

Também trata “calor no sangue”, manifestado como hemorragias e erupções cutâneas. Trata estagnação sanguínea, manifestada como hematomas e massas abdominais. Trata “calor úmido”, manifestado como icterícia e infecções.

É frequentemente combinado com outras ervas em fórmulas complexas. O objetivo é equilibrar seus efeitos e tratar condições específicas.

Referências:
What we already know about rhubarb: a comprehensive review
A Systematic Review of Rhubarb (a Traditional Chinese Medicine) Used in the Treatment of Experimental Sepsis
Rheum tanguticum, an endangered medicinal plant endemic to China
Comparative study of the Rheum tanguticum’s chemical composition
The application of rhubarb concoctions in traditional Chinese medicine
Genetic Variation in Rheum palmatum and Rheum tanguticum
TCMGIS-II based prediction of medicinal plant distribution for conservation planning: Rheum tanguticum