Crataegus laevigata (Poir.) DC. A Crataegus laevigata, conhecida popularmente como espinheiro-inglês ou pilriteiro-de-duas-sementes, é uma árvore ou arbusto espinhoso da família Rosaceae, nativa da Europa central e ocidental. Esta espécie compartilha com sua parente próxima, a Crataegus monogyna, uma longa e venerável história de uso na medicina tradicional europeia, sendo amplamente empregada como tônico cardiovascular há séculos.
Suas flores brancas ou levemente rosadas, que florescem abundantemente na primavera, e seus frutos vermelhos contendo duas sementes são utilizados na fitoterapia moderna para tratar insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, angina e arritmias. A distinção botânica entre C. laevigata e C. monogyna reside no número de estilos nas flores (dois a três em C. laevigata versus um em C. monogyna) e no número de sementes nos frutos.
A ciência contemporânea tem validado os usos tradicionais do espinheiro-inglês, atribuindo seus benefícios cardiovasculares a uma rica composição de flavonoides, proantocianidinas oligoméricas e ácidos fenólicos, que conferem propriedades antioxidantes, vasodilatadoras e inotrópicas positivas, tornando-o um dos fitoterápicos mais respeitados para a saúde do coração.
Nomes populares
Espinheiro-inglês, Pilriteiro-de-duas-sementes, Espinheiro-de-duas-sementes, English hawthorn (Reino Unido), Midland hawthorn (Reino Unido), Woodland hawthorn (Reino Unido), Aubépine épineuse (França), Espino blanco (Espanha), Biancospino comune (Itália), Zweigriffeliger Weißdorn (Alemanha).
Sinônimos Botânicos da Crataegus laevigata
Crataegus oxyacanthoides Thuill., Mespilus laevigata Poir.
Crataegus oxyacantha L. – Nome amplamente utilizado na literatura médica, farmacêutica e comercial para se referir a Crataegus laevigata, mas tecnicamente considerado um nome ambíguo e incorretamente aplicado. O nome Crataegus oxyacantha L. foi originalmente usado por Lineu de forma ampla para várias espécies de espinheiro. Atualmente, o nome aceito para a espécie de duas sementes é Crataegus laevigata, descrita por Poiret e posteriormente validada por De Candolle. Apesar da correção taxonômica, o nome C. oxyacantha ainda aparece frequentemente em produtos comerciais e literatura herbal.
Família
Rosaceae

Ilustração botânica de Crataegus laevigata (Poir.) DC. (espinheiro-inglês, pilriteiro-de-duas-sementes, English hawthorn), árvore da família Rosaceae descrita por Poiret em 1798 e validada por De Candolle, nativa da Europa central e ocidental, mostrando ramo com folhas levemente lobadas, flores brancas ou rosadas de cinco pétalas com dois a três estilos, espinhos e frutos vermelhos com duas sementes, em estilo de enciclopédia botânica do século XIX.
Partes usadas
- Flores
- Folhas
- Frutos
Usos tradicionais
- Angina
- Ansiedade
- Arritmia cardíaca
- Arteriosclerose
- Cálculos renais
- Diarreia
- Distúrbios digestivos
- Hipertensão
- Insônia
- Insuficiência cardíaca
- Palpitações
- Problemas de circulação
Propriedades medicinais da Crataegus laevigata
- Adstringente (contrai os tecidos e vasos sanguíneos, diminuindo a secreção de líquidos)
- Ansiolítico (usado para diminuir a ansiedade e a tensão)
- Antiarrítmico (estabiliza o ritmo cardíaco e previne arritmias)
- Antioxidante (inibe os efeitos da oxidação e combate os radicais livres)
- Cardioprotetor (protege o sistema cardiovascular e melhora a saúde do coração)
- Cardiotônico (aumenta a força de contração do músculo cardíaco)
- Digestivo (auxilia no processo de digestão e alivia distúrbios gástricos)
- Diurético (atua no rim, aumentando o volume e o grau do fluxo urinário)
- Hipotensor (diminui a pressão arterial)
- Inotrópico positivo (aumenta a força de contração do músculo cardíaco sem aumentar o consumo de oxigênio)
- Sedativo (acalma ou faz cessar dor, ansiedade; substância calmante)
- Vasodilatador (aumenta o diâmetro dos vasos sanguíneos, melhorando o fluxo sanguíneo)
Preparações
- Cápsulas
- Chá (Decocção)
- Chá (Infusão)
- Extrato líquido
- Tintura
- Xarope
Modo de uso
- Cápsulas de Extrato Padronizado para Insuficiência Cardíaca: Tomar de 1 a 2 cápsulas de extrato padronizado de espinheiro-inglês (geralmente entre 300-900 mg por dia, divididos em 2-3 doses), conforme a recomendação do fabricante ou de um profissional de saúde. Este método é amplamente utilizado em estudos clínicos para o tratamento de insuficiência cardíaca congestiva leve a moderada (classes funcionais I e II da NYHA).
- Decocção dos Frutos para Fortalecimento Cardiovascular: Ferver 1 colher de sopa de frutos secos em 2 xícaras de água por 15 minutos. Coar e beber uma xícara duas vezes ao dia. Os frutos são tradicionalmente usados para fortalecer o coração, melhorar a circulação e reduzir a pressão arterial.
- Extrato Líquido para Hipertensão: Tomar de 0,5 a 1 ml de extrato líquido, diluído em água, 3 vezes ao dia. O extrato líquido é uma forma concentrada e eficaz para o controle da pressão arterial elevada a longo prazo, especialmente quando associada a problemas cardíacos.
- Infusão de Flores e Folhas para Ansiedade e Palpitações: Adicionar 1 a 2 colheres de chá de flores e folhas secas a 1 xícara de água fervente. Tampar e deixar em infusão por 10 a 15 minutos. Coar e beber 1 a 3 xícaras por dia. Este chá é tradicionalmente usado para acalmar o sistema nervoso, aliviar ansiedade e reduzir palpitações relacionadas ao estresse.
- Tintura para Arritmias e Suporte Cardíaco Geral: Tomar de 20 a 40 gotas de tintura de espinheiro-inglês, diluídas em um pouco de água, 2 a 3 vezes ao dia. A tintura é tradicionalmente usada para estabilizar o ritmo cardíaco, fortalecer o músculo cardíaco e melhorar a circulação coronariana.
- Xarope dos Frutos como Tônico Cardíaco: Preparar um xarope fervendo 100 g de frutos frescos ou secos em 500 ml de água até reduzir pela metade. Coar, adicionar mel ou açúcar (proporção 1:1) e ferver novamente até obter consistência de xarope. Tomar 1 colher de sopa, 2 a 3 vezes ao dia, como tônico cardíaco geral e para melhorar a resistência ao exercício.
Contraindicações e Efeitos Colaterais da Crataegus laevigata
O espinheiro-inglês é geralmente considerado seguro para a maioria dos adultos quando utilizado em doses terapêuticas recomendadas. No entanto, efeitos colaterais leves podem ocorrer, incluindo náusea, tontura, fadiga, sudorese, palpitações paradoxais e desconforto gastrointestinal em alguns indivíduos.
É contraindicado para gestantes e lactantes devido à falta de estudos de segurança conclusivos para esses grupos. Pessoas com hipotensão (pressão baixa) devem usar com cautela, pois a planta pode reduzir ainda mais a pressão arterial.
A principal precaução está na interação com medicamentos cardiovasculares. Pacientes que utilizam digoxina, glicosídeos cardíacos, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, nitratos, inibidores da ECA ou outros medicamentos para insuficiência cardíaca, arritmia ou hipertensão devem obrigatoriamente consultar um médico antes de usar o espinheiro-inglês, pois ele pode potencializar os efeitos desses fármacos, exigindo ajuste de dosagem. Não deve ser usado concomitantemente com inibidores da fosfodiesterase-5 (como sildenafil) sem supervisão médica, pois pode causar hipotensão severa.
Fitoquímicos da Crataegus laevigata
- Ácidos fenólicos (ácido cafeico, ácido clorogênico)
- Ácidos triterpênicos (ácido ursólico, ácido oleanólico, ácido crataególico)
- Aminas biogênicas
- Catequinas
- Epicatequina
- Flavonoides (hiperosídeo, vitexina, rutina, quercetina, vitexina-2-rhamnosídeo)
- Proantocianidinas oligoméricas (tipo B)
- Taninos
Curiosidades
- O nome laevigata significa “lisa” ou “polida” em latim, referindo-se às folhas menos profundamente lobadas e mais lisas desta espécie em comparação com Crataegus monogyna. A principal diferença botânica é que C. laevigata possui dois a três estilos nas flores e duas a três sementes nos frutos, enquanto C. monogyna possui apenas um estilo e uma semente.
- Na medicina tradicional europeia e na fitoterapia moderna, Crataegus laevigata e Crataegus monogyna são frequentemente usadas de forma intercambiável, pois ambas possuem composição fitoquímica e propriedades medicinais muito semelhantes. Muitos produtos comerciais contêm uma mistura de ambas as espécies ou não especificam qual espécie foi utilizada.
- O espinheiro-inglês é uma das plantas medicinais mais estudadas cientificamente para doenças cardiovasculares. Ensaios clínicos controlados demonstraram que extratos padronizados de espinheiro podem melhorar significativamente os sintomas de insuficiência cardíaca congestiva, aumentar a fração de ejeção do ventrículo esquerdo, melhorar a tolerância ao exercício e reduzir a fadiga e a dispneia em pacientes com insuficiência cardíaca leve a moderada.
- Na tradição europeia, o espinheiro era considerado uma árvore sagrada e mágica, associada ao mês de maio e às celebrações da primavera. Era comum usar ramos de espinheiro floridos para decorar casas e aldeias durante o May Day (Dia de Maio), e a árvore era vista como um portal para o mundo das fadas no folclore celta.
- Os frutos do espinheiro-inglês, embora menores e menos carnosos que os de Crataegus pubescens (tejocote mexicano), são comestíveis e têm sido usados historicamente para fazer geleias, vinhos, licores e conservas. Eles são ricos em vitamina C, pectina e antioxidantes.
Perguntas Frequentes sobre Espinheiro-Inglês
- Qual a diferença entre Crataegus laevigata e Crataegus monogyna? Ambas as espécies são usadas medicinalmente e possuem propriedades muito semelhantes. A principal diferença botânica é que Crataegus laevigata possui dois a três estilos nas flores e duas a três sementes nos frutos, enquanto Crataegus monogyna possui apenas um estilo e uma semente. As folhas de C. laevigata também são menos profundamente lobadas.
- O espinheiro-inglês realmente ajuda na insuficiência cardíaca? Sim. Múltiplos estudos clínicos demonstraram que extratos padronizados de espinheiro-inglês podem melhorar os sintomas de insuficiência cardíaca congestiva leve a moderada (classes I e II da NYHA), aumentar a capacidade de exercício, reduzir a fadiga e melhorar a qualidade de vida. No entanto, deve ser usado como complemento ao tratamento convencional e sempre sob supervisão médica.
- Quanto tempo leva para o espinheiro-inglês fazer efeito? Os benefícios do espinheiro-inglês para condições cardiovasculares não são imediatos. Geralmente, é necessário o uso contínuo por pelo menos 6 a 8 semanas para observar melhorias significativas nos sintomas de insuficiência cardíaca ou hipertensão. Alguns estudos sugerem que os efeitos máximos podem levar de 3 a 6 meses de uso regular.
- Posso tomar espinheiro-inglês junto com meus medicamentos para o coração? Você deve sempre consultar um médico antes de combinar espinheiro-inglês com medicamentos cardiovasculares, pois ele pode potencializar os efeitos de medicamentos como digoxina, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio e anti-hipertensivos, podendo exigir ajuste de dosagem.
- O espinheiro-inglês pode ser usado para ansiedade? Sim. Além de suas propriedades cardiovasculares, o espinheiro-inglês possui efeitos sedativos leves e tem sido tradicionalmente usado para aliviar ansiedade, nervosismo, insônia e palpitações relacionadas ao estresse emocional.
- Por que o espinheiro é vendido como Crataegus oxyacantha se o nome correto é Crataegus laevigata? O nome Crataegus oxyacantha foi amplamente usado na literatura médica e farmacêutica por muitos anos, e ainda aparece em muitos produtos comerciais devido à tradição e ao reconhecimento do nome. No entanto, botanicamente, o nome correto e aceito atualmente é Crataegus laevigata (Poir.) DC.