Trifolium pratense L.
O Trifolium pratense, conhecido popularmente como trevo-vermelho ou trevo-dos-prados, é uma planta herbácea perene da família Fabaceae, nativa da Europa, Ásia ocidental e noroeste da África, mas amplamente naturalizada em todo o mundo, incluindo nas Américas. Esta planta de flores rosa-púrpura características e folhas trifoliadas com marcas brancas em forma de V é uma das espécies de trevo mais importantes tanto na agricultura (como forrageira e fixadora de nitrogênio) quanto na medicina tradicional.
O trevo-vermelho possui uma história milenar de uso medicinal, sendo valorizado por diversas culturas, desde os antigos gregos e romanos até os povos celtas e as tribos nativas americanas, que o utilizavam para tratar uma ampla variedade de condições, incluindo problemas respiratórios, doenças de pele, feridas e distúrbios femininos.
Na fitoterapia moderna, o trevo-vermelho ganhou destaque especial por seu alto conteúdo de isoflavonas (fitoestrogênios), particularmente biochanina A, formononetina, daidzeína e genisteína, que conferem à planta propriedades estrogênicas suaves, tornando-a amplamente utilizada para aliviar sintomas da menopausa, como ondas de calor, suores noturnos e secura vaginal.
Além disso, estudos científicos contemporâneos têm investigado os potenciais benefícios do trevo-vermelho para a saúde cardiovascular, densidade óssea, saúde da pele e até mesmo na prevenção de certos tipos de câncer, validando muitos dos usos tradicionais desta planta medicinal versátil e valiosa.
Nomes populares
Trevo-vermelho, Trevo-dos-prados, Trevo-roxo, Red clover (Estados Unidos, Reino Unido), Purple clover (Estados Unidos), Trèfle des prés (França), Trébol rojo (Espanha), Trifoglio rosso (Itália), Rotklee (Alemanha).
Sinônimos Botânicos da Trifolium pratense
Trifolium borysthenicum Gruner, Trifolium bracteatum Schousb., Trifolium lenkoranicum Grossh., Trifolium pratense var. sativum (Mill.) Schreb.
Família
Fabaceae

Ilustração botânica de Trifolium pratense L. (trevo-vermelho, trevo-dos-prados, red clover), planta herbácea perene da família Fabaceae descrita por Lineu em 1753, nativa da Europa, Ásia ocidental e noroeste da África, mostrando planta completa com folhas trifoliadas características (três folíolos ovais com marcas brancas em forma de V), caules delgados, flores rosa-púrpura em capítulos esféricos densos compostos por muitas pequenas flores tubulares, e sistema radicular pivotante com nódulos fixadores de nitrogênio, em estilo de enciclopédia botânica do século XIX.
Partes usadas
- Flores
- Folhas
Usos tradicionais
- Artrite
- Asma
- Bronquite
- Doenças de pele (eczema, psoríase)
- Feridas e úlceras
- Gota
- Menopausa (ondas de calor, suores noturnos)
- Osteoporose
- Problemas respiratórios
- Tosse
- Tosse convulsa (coqueluche)
Propriedades medicinais da Trifolium pratense
- Alterativo (purifica o sangue e melhora a saúde geral do organismo)
- Anti-inflamatório (reduz processos inflamatórios no organismo)
- Antiespasmódico (reduz espasmos musculares involuntários)
- Antioxidante (inibe os efeitos da oxidação e combate os radicais livres)
- Depurativo (purifica o sangue e auxilia na eliminação de toxinas)
- Estrogênico (possui atividade estrogênica suave devido às isoflavonas)
- Expectorante (facilita a expulsão de secreções das vias respiratórias)
- Hipocolesterolêmico (auxilia na redução dos níveis de colesterol no sangue)
- Imunomodulador (modula e equilibra a resposta do sistema imunológico)
- Protetor cardiovascular (protege o sistema cardiovascular e melhora a saúde do coração)
Preparações
- Cápsulas
- Chá (Infusão)
- Extrato líquido
- Tintura
- Uso tópico (cataplasma)
- Xarope
Modo de uso
- Cápsulas de Extrato Padronizado para Sintomas da Menopausa: Tomar de 1 a 2 cápsulas de extrato padronizado de trevo-vermelho (geralmente 40-80 mg de isoflavonas por dia), conforme a recomendação do fabricante ou de um profissional de saúde. Este método é amplamente utilizado em estudos clínicos para o alívio de ondas de calor, suores noturnos, irritabilidade e outros sintomas associados à menopausa.
- Cataplasma de Flores Frescas para Doenças de Pele e Feridas: Esmagar flores frescas de trevo-vermelho até formar uma pasta e aplicar diretamente sobre a área afetada (eczema, psoríase, feridas, úlceras). Cobrir com um pano limpo e deixar agir por 30 minutos a 1 hora. Repetir 2 a 3 vezes ao dia. O cataplasma é tradicionalmente usado por suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.
- Extrato Líquido para Saúde Cardiovascular e Colesterol: Tomar de 1 a 2 ml de extrato líquido, diluído em água, 2 a 3 vezes ao dia. O extrato líquido é uma forma concentrada e eficaz para obter os benefícios cardiovasculares do trevo-vermelho, auxiliando na redução do colesterol LDL e na melhoria da elasticidade arterial a longo prazo.
- Infusão de Flores para Problemas Respiratórios e Tosse: Adicionar 2 colheres de sopa de flores secas a 1 xícara de água fervente. Tampar e deixar em infusão por 10 a 15 minutos. Coar e beber 2 a 3 xícaras por dia. Este chá é tradicionalmente usado como expectorante para aliviar tosse, bronquite, asma e outras condições respiratórias, ajudando a expelir o muco das vias aéreas.
- Tintura para Artrite e Gota: Tomar de 20 a 40 gotas de tintura de trevo-vermelho, diluídas em um pouco de água, 2 a 3 vezes ao dia. A tintura é tradicionalmente usada por suas propriedades anti-inflamatórias e depurativas, auxiliando no alívio de dores articulares, inflamação e acúmulo de ácido úrico associados à artrite e gota.
- Xarope de Flores para Tosse Convulsa e Bronquite: Preparar um xarope fervendo 100 g de flores secas em 500 ml de água até reduzir pela metade. Coar, adicionar mel (proporção 1:1) e ferver novamente até obter consistência de xarope. Tomar 1 colher de sopa, 3 a 4 vezes ao dia, especialmente para tosse convulsa (coqueluche) e bronquite crônica, aproveitando as propriedades expectorantes e antiespasmódicas da planta.
Contraindicações e Efeitos Colaterais da Trifolium pratense
O trevo-vermelho é geralmente considerado seguro para a maioria dos adultos quando utilizado em doses terapêuticas recomendadas por períodos curtos a moderados (até 1 ano). No entanto, efeitos colaterais leves podem ocorrer, incluindo dor de cabeça, náusea, erupções cutâneas e dores musculares em algumas pessoas.
É contraindicado para gestantes e lactantes devido à sua atividade estrogênica, que pode afetar o desenvolvimento fetal e a produção de leite. Mulheres com histórico de câncer de mama, ovário, útero ou endometriose devem evitar o uso de trevo-vermelho sem supervisão médica rigorosa, pois as isoflavonas podem ter efeitos estrogênicos que, embora geralmente considerados mais fracos que o estrogênio humano, ainda podem influenciar tecidos sensíveis a hormônios. Pessoas com distúrbios de coagulação ou que utilizam anticoagulantes (como varfarina) devem ter cautela, pois o trevo-vermelho contém cumarinas e pode aumentar o risco de sangramento.
Pacientes que utilizam terapia de reposição hormonal (TRH), contraceptivos orais ou outros medicamentos hormonais devem consultar um médico antes de usar trevo-vermelho, pois pode haver interações. O trevo-vermelho também pode interagir com medicamentos metabolizados pelo citocromo P450, incluindo alguns antidepressivos, estatinas e medicamentos para o coração. Pessoas com deficiência de proteína S (condição rara de coagulação) devem evitar o uso. Recomenda-se descontinuar o uso pelo menos 2 semanas antes de cirurgias devido ao risco aumentado de sangramento.
Fitoquímicos da Trifolium pratense
- Biochanina A (isoflavona principal)
- Cumarinas
- Daidzeína (isoflavona)
- Formononetina (isoflavona)
- Genisteína (isoflavona)
- Glicosídeos cianogênicos
- Isoflavonas (total de 4 principais)
- Óleos essenciais
- Pratensina
- Proteínas
- Saponinas
- Taninos
Curiosidades
- O nome Trifolium vem do latim tres (três) e folium (folha), referindo-se às características folhas trifoliadas (três folíolos) da planta. O epíteto pratense significa “dos prados” ou “dos campos”, indicando seu habitat natural em pastagens e prados.
- O trevo-vermelho é uma das plantas medicinais mais ricas em isoflavonas do mundo, contendo quatro isoflavonas principais: biochanina A, formononetina, daidzeína e genisteína. Estas isoflavonas são fitoestrogênios que podem se ligar aos receptores de estrogênio no corpo humano, exercendo efeitos estrogênicos suaves, o que explica sua eficácia no alívio de sintomas da menopausa.
- Na tradição celta e irlandesa, o trevo (especialmente o trevo de três folhas) é um símbolo de boa sorte e está intimamente associado a São Patrício, padroeiro da Irlanda, que supostamente usou o trevo de três folhas para explicar o conceito da Santíssima Trindade aos pagãos irlandeses. O raro trevo de quatro folhas é considerado um símbolo de sorte ainda maior.
- O trevo-vermelho é uma planta fixadora de nitrogênio, graças à sua relação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium que vivem em nódulos em suas raízes. Essas bactérias convertem nitrogênio atmosférico em formas utilizáveis pelas plantas, enriquecendo o solo. Por isso, o trevo-vermelho é amplamente utilizado na agricultura como cultura de cobertura e adubo verde.
- Estudos clínicos sobre o trevo-vermelho para sintomas da menopausa têm mostrado resultados mistos. Alguns estudos demonstram redução significativa de ondas de calor (até 44% em alguns ensaios), enquanto outros não encontram diferenças significativas em relação ao placebo. A variabilidade pode estar relacionada à dosagem de isoflavonas, duração do tratamento e diferenças individuais no metabolismo das isoflavonas.
Perguntas Frequentes sobre Trevo-Vermelho
- O trevo-vermelho realmente ajuda nos sintomas da menopausa? Estudos clínicos mostram resultados variados, mas muitos indicam que o trevo-vermelho pode reduzir a frequência e intensidade de ondas de calor e suores noturnos em mulheres na menopausa, especialmente quando usado por 3 a 6 meses. Os efeitos são atribuídos às isoflavonas (fitoestrogênios) presentes na planta, que exercem uma atividade estrogênica suave.
- Quanto tempo leva para o trevo-vermelho fazer efeito na menopausa? Os benefícios do trevo-vermelho para sintomas da menopausa geralmente não são imediatos. A maioria dos estudos clínicos observa melhorias significativas após 4 a 12 semanas de uso contínuo. Algumas mulheres podem notar alívio mais cedo, enquanto outras podem precisar de até 3 meses de uso regular.
- O trevo-vermelho pode causar câncer de mama? Esta é uma preocupação comum devido à atividade estrogênica das isoflavonas. No entanto, estudos atuais sugerem que as isoflavonas do trevo-vermelho têm efeitos estrogênicos mais fracos que o estrogênio humano e podem até ter efeitos protetores em alguns contextos. Ainda assim, mulheres com histórico de câncer de mama devem consultar um médico antes de usar trevo-vermelho.
- Posso tomar trevo-vermelho junto com terapia de reposição hormonal? Não é recomendado combinar trevo-vermelho com terapia de reposição hormonal (TRH) ou contraceptivos orais sem supervisão médica, pois pode haver interações hormonais e efeitos aditivos ou antagônicos. Sempre consulte um médico antes de combinar tratamentos hormonais.
- O trevo-vermelho ajuda na saúde dos ossos? Alguns estudos sugerem que as isoflavonas do trevo-vermelho podem ter efeitos benéficos na densidade mineral óssea, especialmente em mulheres pós-menopáusicas, ajudando a prevenir a perda óssea associada à osteoporose. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos.
- O trevo-vermelho aumenta o risco de sangramento? Sim, o trevo-vermelho contém cumarinas e pode ter efeitos anticoagulantes leves, aumentando o risco de sangramento, especialmente quando combinado com medicamentos anticoagulantes como varfarina. É recomendado descontinuar o uso pelo menos 2 semanas antes de cirurgias.