Sassafrás Americano: Da Cura Indígena à Proibição do FDA

Sassafrás-americano - Sassafras albidum
Atualizado em 25/08/2025

Nas florestas da América do Norte, uma árvore de beleza singular e história fascinante se destaca: o sassafrás. Conhecida cientificamente como Sassafras albidum, esta árvore é muito mais do que uma simples espécie. Suas raízes, cascas e folhas guardam um legado de uso medicinal que remonta a séculos, entrelaçado com a cultura dos povos indígenas e a história da colonização europeia.

O chá de sassafrás, com seu aroma adocicado e sabor único, já foi uma das bebidas mais populares do continente, reverenciado por suas propriedades curativas e seu poder de purificar o corpo e a alma. Contudo, a história do sassafrás também é marcada por controvérsias e proibições, que transformaram esta planta sagrada em um tema de cautela.

Este artigo é um convite para desvendar os mistérios do sassafrás. Vamos explorar sua rica história, seus múltiplos benefícios para a saúde, e entender as razões por trás das restrições ao seu uso. Prepare-se para uma jornada que vai levar você ao coração das florestas norte-americanas, revelando os segredos de uma das plantas mais emblemáticas e intrigantes do mundo.

História do Chá de Sassafrás: De Remédio Sagrado a Bebida Proibida

Safrol

Safrol

A história do sassafrás é uma crônica fascinante que reflete a interação entre culturas, a exploração de recursos naturais e a evolução do conhecimento científico. Para os povos indígenas da América do Norte, o sassafrás era uma árvore sagrada, uma das mais importantes de sua farmacopeia. O nome “sassafrás” é, possivelmente, uma adaptação de uma palavra indígena perdida, um eco de uma sabedoria ancestral que reconhecia o poder desta planta.

O chá da casca da raiz era um remédio universal, utilizado para purificar o sangue, tratar dores, doenças e pele, febres e até mesmo sífilis. Cada parte da árvore tinha seu propósito, desde as folhas, usadas para engrossar sopas, até a madeira, empregada na fabricação de utensílios e móveis. O sassafrás era parte integrante da vida, da cultura e da espiritualidade indígena.

Com a chegada dos colonizadores europeus, a fama do sassafrás se espalhou. Os espanhóis, em busca de ouro e especiarias, viram na árvore uma fonte de riqueza. O sassafrás tornou-se uma das primeiras exportações da América do Norte para a Europa, onde era vendido como uma panaceia, uma cura para todos os males. A demanda era tão grande que a exploração predatória quase dizimou as florestas de sassafrás. O chá tornou-se uma bebida popular, e o óleo essencial, rico em safrol, era usado em perfumes, sabonetes e na fabricação da famosa “root beer”. Contudo, no século XX, a ciência revelou o lado sombrio do sassafrás.

Estudos apontaram o safrol como um composto hepatotóxico e potencialmente cancerígeno. Em 1976, o FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos baniu o uso de sassafrás em alimentos e bebidas, transformando o chá sagrado em uma bebida proibida. Hoje, a história do sassafrás nos ensina sobre a complexa relação entre tradição, comércio e ciência, e sobre a importância de um olhar crítico e informado sobre os presentes da natureza.

Benefícios do Chá de Sassafrás: Tradição do Norte

Sassafrás-americano - Sassafras albidum

Sassafrás-americano – Sassafras albidum

O chá de sassafrás, apesar de sua controvérsia, possui uma longa história de uso medicinal, com uma vasta gama de benefícios atribuídos a ele pela sabedoria popular. A propriedade mais celebrada é a sua ação depurativa, ou seja, a capacidade de “purificar o sangue”. Esta ação, segundo a tradição, seria responsável por tratar uma série de problemas de pele, como acne, eczema e erupções cutâneas.

O chá também é conhecido por sua ação diurética, que auxilia na eliminação de toxinas e na redução de inchaços, sendo indicado para problemas renais e gota. Sua propriedade antirreumática o torna um aliado no alívio de dores articulares e musculares, enquanto a ação sudorífera ajuda a combater febres e resfriados.

A ciência moderna, embora cautelosa devido à toxicidade do safrol, tem investigado os compostos ativos do sassafrás. Além do safrol, a planta contém alcaloides, taninos e mucilagem, que contribuem para suas propriedades terapêuticas. A ação anti-inflamatória, por exemplo, é atribuída à presença desses compostos, que atuam em conjunto para reduzir a inflamação e aliviar a dor.

O óleo essencial, rico em safrol, possui propriedades antissépticas e analgésicas, sendo utilizado topicamente para tratar feridas, picadas de insetos e dores de dente. No entanto, é fundamental ressaltar que a maioria dos estudos sobre os benefícios do sassafrás foi realizada com extratos e compostos isolados, e não com o chá tradicional. A falta de evidências científicas robustas sobre a eficácia e a segurança do chá de sassafrás exige uma postura de cautela e a busca por orientação profissional antes de seu uso.

Sassafrás Americano vs. Canela-sassafrás Brasileira: Desvendando a Confusão

Apesar dos nomes semelhantes e de ambos serem chamados popularmente de “sassafrás”, o sassafrás americano (Sassafras albidum) e a canela-sassafrás brasileira (Ocotea odorifera) são duas plantas distintas, com origens, características e histórias diferentes. A confusão entre as duas espécies é comum, mas é fundamental entender suas diferenças para um uso consciente e seguro. A principal diferença está na origem geográfica: o sassafrás americano é nativo da América do Norte, enquanto a canela-sassafrás é uma espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira. Essa diferença de habitat resulta em adaptações e composições químicas distintas.

Embora ambas as plantas pertençam à família Lauraceae e contenham safrol como um de seus principais componentes, a concentração e a composição geral de seus óleos essenciais são diferentes. O sassafrás americano possui um teor de safrol que pode chegar a 85% do óleo essencial, o que levou à sua proibição pelo FDA.

Já a canela-sassafrás brasileira, embora também contenha safrol, possui uma composição mais complexa, com a presença de outros compostos importantes, como a reticulina, um alcaloide com potente ação anti-inflamatória. Além disso, as partes utilizadas tradicionalmente também diferem. No sassafrás americano, a casca da raiz é a parte mais valorizada, enquanto na canela-sassafrás brasileira, as cascas do tronco são as mais utilizadas. Conhecer essas diferenças é o primeiro passo para evitar equívocos e para valorizar a riqueza e a diversidade da flora de cada região.

Preparo do Chá de Sassafrás: Um Ritual de Cuidado e Respeito

O preparo do chá de sassafrás é um ritual que nos conecta com a história e a tradição dos povos indígenas da América do Norte. A parte mais utilizada é a casca da raiz, que deve ser coletada de forma sustentável, preferencialmente de mudas jovens, para não prejudicar as árvores adultas.

Para preparar o chá, você vai precisar de uma colher de chá de casca de raiz de sassafrás seca e picada para cada xícara de água. Leve a água ao fogo e, assim que começar a ferver, adicione a casca da raiz. Deixe ferver em fogo baixo por cerca de 15 a 20 minutos. Este tempo de decocção é importante para extrair os compostos ativos da casca. Após este tempo, desligue o fogo, coe e beba.

O chá de sassafrás possui um sabor adocicado e um aroma único, que lembra a root beer. Ele pode ser consumido puro ou adoçado com mel. No entanto, devido às preocupações com a toxicidade do safrol, o consumo do chá de sassafrás deve ser feito com extrema cautela e moderação. A recomendação é de não ultrapassar uma xícara por dia e de não fazer uso contínuo por longos períodos.

É fundamental ressaltar que, nos Estados Unidos, a venda de chá de sassafrás é proibida. No Brasil, embora não haja uma proibição específica para o chá, a Anvisa proíbe o uso de safrol em alimentos. Portanto, o consumo do chá de sassafrás é uma decisão pessoal que deve ser tomada com base em informações claras e com o acompanhamento de um profissional de saúde.

Harmonizando o Chá: Uma Viagem de Aromas e Sabores

Sassafrás-americano - Sassafras albidum

Sassafrás-americano – Sassafras albidum

O sabor único do chá de sassafrás, com suas notas adocicadas e terrosas, o torna uma bebida fascinante por si só. Contudo, a harmonização com outras ervas e especiarias pode criar uma experiência sensorial ainda mais rica e complexa. Para um chá com notas mais quentes e picantes, a combinação com canela em pau e cravo-da-índia é uma excelente escolha. A canela reforça o sabor adocicado, enquanto o cravo adiciona um toque de calor e profundidade. Esta combinação é perfeita para os dias mais frios, criando uma bebida reconfortante e aromática.

Se o objetivo é um chá mais digestivo e refrescante, a harmonização com folhas de hortelã e cascas de limão é ideal. A hortelã, com seu frescor, e o limão, com sua acidez, equilibram a doçura do sassafrás e adicionam propriedades digestivas. Para uma combinação mais floral e relaxante, a adição de flores de camomila e lavanda pode ser uma ótima opção.

A camomila, com seu aroma suave, e a lavanda, com seu perfume delicado, criam uma bebida calmante, perfeita para ser apreciada antes de dormir. A experimentação é a chave para encontrar a sua harmonização preferida. Lembre-se de sempre utilizar ingredientes de boa qualidade e de respeitar as propriedades de cada planta, criando uma bebida que seja não apenas deliciosa, mas também segura e equilibrada.

Contraindicações e Segurança: O Lado Sombrio do Sassafrás

Apesar de sua longa história de uso medicinal, o sassafrás é uma planta que exige o máximo de cautela. A principal preocupação, como já mencionado, é a presença do safrol, um composto que, em altas doses, é comprovadamente tóxico para o fígado e carcinogênico. O consumo de apenas 5 ml de óleo de sassafrás pode ser fatal para um adulto. O chá, embora menos concentrado, ainda contém uma quantidade significativa de safrol, o que levou à sua proibição pelo FDA em 1976. Mesmo o sassafrás “livre de safrol”, quando usado em quantidades medicinais, tem sido associado a tumores.

O chá de sassafrás é estritamente contraindicado para gestantes, pois pode causar aborto espontâneo. Também é contraindicado para lactantes e crianças, que são mais sensíveis aos seus efeitos tóxicos. Pessoas com doenças hepáticas ou renais devem evitar o consumo a todo custo. Além disso, o sassafrás pode interagir com medicamentos sedativos, potencializando seus efeitos e causando sonolência excessiva. É fundamental ressaltar que a automedicação com sassafrás é extremamente perigosa. Antes de considerar o uso de qualquer produto à base de sassafrás, é essencial consultar um médico ou um fitoterapeuta qualificado.

Sassafrás albidum: Um Legado de Cautela e Sabedoria

O sassafrás é uma árvore que nos conta uma história complexa e fascinante. Uma história que começa com a sabedoria dos povos indígenas, que reverenciavam a planta como um presente da natureza, e que passa pela cobiça dos colonizadores, que a transformaram em uma mercadoria valiosa. Uma história que culmina com a ciência moderna, que revelou seus perigos e impôs restrições ao seu uso. O chá de sassafrás, com seu aroma inebriante e seu sabor único, é um símbolo desta jornada. Ele nos lembra que a natureza é uma fonte inesgotável de cura e bem-estar, mas que também exige respeito, conhecimento e cautela.

O Sassafras albidum é nativo da América do Norte e pode atingir cerca de 25 metros de altura. Possui um bela copa globosa em formato de guarda-chuva, chamado pelos botânicos de umbeliforme. As folhas possuem coloração verde-escura, são caducas e apresentam uma grande variedade de formas diferentes em uma única árvore. O tronco é bem tortuoso e possui diâmetro máximo de 75 centímetros.

A casca externa evidencia cicatrizes e possui coloração castanho acinzentada. As flores se abrem antes do nascimento de folhas novas (geralmente no início da primavera). São pequenas e possuem a coloração verde amarelada. Os frutos são no formato de drupas de cerca de 1 centímetro de diâmetro.

Referências Bibliográficas
RXLIST. Sassafras: Health Benefits, Side Effects, Uses, Dose & Precautions.
ADKINS ARBORETUM. Sassafras: Indigenous Peoples’ Perspective Project.
PPMAC. Sassafrás-americano. Disponível em: https://www.ppmac.org/content/sassafras-americano.
Avalie
[5]

Sassafrás Americano: Da Cura Indígena à Proibição do FDA

Conheça o sassafrás americano, a árvore sagrada da América do Norte. Descubra os benefícios do chá, sua história e os cuidados essenciais para um uso seguro.

Chás Premium em Destaque

Curadoria especializada de chás com frescor notável.

Chás Premium Medicina Natural 

Descubra nossa seleção de chás de alta qualidade importados dos melhores países do mundo com origem certificada e perfis aromáticos consistentes. Descubra uma nova experiência sensorial sentida a cada gole.

ACESSE E CONHEÇA TODOS OS CHÁS!