Amargos compostos e preparações à base de plantas que tem um efeito caracteristicamente acentuado no palato. Na medicina aiurvédica, tradicional da Índia, além dos amargos, outros grupos de ervas são classificados como adstringente, azedo, doce e picante.
Por milhares de anos, o principal uso de ervas amargas na culinária e medicina alternativa tem sido de estimular a digestão e melhorar a eliminação das fezes. Isso é claramente demonstrado com café e o chocolate. Terminações nervosas na língua reagem ao sabor amargo, aumentam o fluxo de saliva e desencadeiam uma ação de onda de contrações rítmicas ao longo dos músculos lisos do trato digestivo, do esôfago ao reto. Tal ação, conhecida como peristaltismo, é o meio pelo qual a comida e seu restante não digeríveis são movidos através do corpo.
O gosto dos amargos também inicia o fluxo de estômago, fígado e secreções pancreáticas. Amargos, portanto, são conhecidos por melhorar a absorção e digestão de nutrientes. São considerados acompanhamentos apropriados para refeições gordurosas ou pesadas, que de outra forma tendem a ser digeridas lentamente. Também são indicados para tonificar e fortalecer o sistema digestivo, que pode torná-los úteis no tratamento de órgãos digestivos incluindo o estômago, fígado, pâncreas e intestinos, sob a orientação de um profissional de saúde.
Os princípios amargos também promovem a circulação. Muitas anedotas atestam sua utilidade no tratamento da dor da artrite e reumatismo, mordidas de animais, cólicas, constipação e hemorroidas. Características antissépticas ajudam na redução da febre, limpeza de feridas e a promoção da cura adequada. Essa ação antisséptica é uma razão pela qual o lúpulo (Humulus lupulus) era usado na fabricação de cerveja como conservante, antes da pasteurização. A quantidade de lúpulo, no caso a quantidade de amargura, é o que distingue cerveja do tipo ale e stout (cerveja mais amarga).
Os compostos amargos, em sua maioria, possuem propriedades antibacterianas, desintoxicantes, estimulantes, germicidas, parasiticidas e tonificantes. Tais compostos são muito populares na medicina chinesa e indiana, vez que são usados há mais de 5.000 anos. Na medicina ocidental, o médico suíço Paracelso (1493-1541), também considerado como “o pai da química, foi um dos precursores no uso de amargos. Paracelso desenvolveu uma fórmula medicinal que pode ter beneficiado os membros das viagens de Marco Polo para a China, a abertura da rota comercial da China conhecida como “rota da seda” e a distribuição do comércio através do Império comercial veneziano.
Um quarto de século depois, o naturalista sueco Jonathan Samst tratou sua família com uma fórmula tradicional chamada “elixir de longa vida”, parecida com a fórmula de Paracelso. A fórmula foi disseminada em mosteiros, como os beneditinos, e várias famílias europeias envolvidas no comércio. Como resultado, várias versões de bebidas amargas alemãs à base de ervas foram produzidas na França, Itália e outros países europeus.
A segunda tradição da descoberta começa com um médico alemão, Johann Gottlieb Benjamin Siegert, que em 1820 deixou a Alemanha para se juntar ao revolucionário americano Simon Bolívar na luta da independência das colônias da América do Sul sob domínio da Espanha. Siegert foi nomeado cirurgião geral no hospital militar em um porto comercial na cidade de Angostura, localizada na foz do rio Orinoco. O médico alemão, buscando um meio científico e eficaz de tratar os feridos em combate que também sofriam de distúrbios estomacais e febre, passou mais de quatro anos pesquisando as propriedades e qualidades das ervas e plantas medicinais locais que poderiam ser úteis para sua causa. Em 1824 Dr. Siegert, desenvolveu sua fórmula chamada de Amargo Aromatico e usou em seus pacientes, familiares e amigos.
Muitas plantas possuem ações e princípios amargos, mas são listadas principalmente em outra categoria. Dentre as ervas com princípios amargos conhecidas, se destacam:
Quimicamente, as ervas amargas frequentemente contêm óleos voláteis com qualidades anti-inflamatórias. Óleos voláteis evaporam rapidamente e têm aromas distintos, formando a base química da aromaterapia. Três alimentos bem conhecidos com princípios amargos que demonstram a característica aromática nos amargos são o café, cerveja e chocolate. Embora os fornecedores e os consumidores podem mascarar o gosto amargo com açúcar, leite e outros aditivos, a ação amarga da estimulação do sistema digestivo permanece, sendo apreciada por muitos. Além dos óleos voláteis, os amargos contêm uma ampla variedade de componentes químicos ativos, Incluindo:
Várias preparações de amargos são comercialmente acessíveis. Muitos aperitivos alcoólicos e licores amargos (antes do jantar) e digestivos (depois do jantar) têm sido utilizados desde meados do século XIX. Tônicos amargos e extratos, geralmente a base de álcool, estão disponíveis para uso interno e externo. Para uso interno, recomenda-se que os extratos sejam adicionados à água. Externamente, eles podem ser aplicados em algodão como uma compressa. Referências para aplicação externa também sugerem a primeira aplicação de óleo ou pomada de calêndula (Calendula officinalis), umedecendo o algodão com a erva amarga tônica e cobrindo com envoltório plástico. A pomada ou óleo impede a secagem da área afetada e o plástico mantém a área aquecida.
Os produtos herbais amargos não devem ser tomados por crianças, grávidas ou mulheres em período de amamentação. Outra precaução amplamente encontrada é evitar os amargos por pessoas que têm doenças de vesícula biliar ou os dutos biliares, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn ou outras doenças digestivas. Algumas precauções também existem para evitar uma doença renal. Recomenda-se cautela em relação à desidratação e evitar o uso simultâneo ou o uso excessivo de produtos à base de álcool
Em geral, os amargos podem causar desidratação em crianças, sangramento uterino e aborto espontâneo em mulheres. Ingredientes individuais também podem produzir efeitos colaterais. Por exemplo, a raiz de angélica pode causar desequilíbrios hormonais em crianças. Pode também causar sensibilidades cutâneas, especialmente para pessoas com psoríase, quando usado com exposição prolongada à luz solar. O sene pode causar cólicas abdominais severas.
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